Lá fora


De lá fora vem um grito de dor
Que ensurdece a alma
Quebra um coração.
Lá fora vem o medo de estar sozinho
Ser mais um, no meio da multidão.
Lá fora há uma multidão de desconhecidos
Empobrecidos,
Por culpa de suas orações;
Orar por si mesmos
Não pelo outro lá fora
Molhado pela chuva da discórdia
Irradiado em seu coração.
Lá fora escuto canções
De um mundo novo
De mudanças, de novos horizontes.
Que uma bandeira pode trazer.
Mas vejo que lá fora
Ninguém escuta as canções de mudanças
Pois seu cotidiano a rotina toma conta
E a preguiça alienada
Faz-nos não mais querer.
Lá fora vejo daqui de dentro
Através dos vitrais
O choro da criança esquecida
O grito do oprimido
A escravidão de nossas almas
Sobre nossas atitudes e olhar.
Lá fora
Não há mais nada colorido
Só o reflexo dos vitrais.
Está tudo
Tudo lá fora
E eu aqui dentro
Contemplando o ser
Através da janela.
Vejo o tudo e o nada
O preto e branco
A ideologia e a alienação
Eu racionando
Sobre tudo
O que há lá fora.