Crime e castigo


Sempre me questionei sobre o crime, o que leva um cidadão a fazê-lo. Muito tem varias receitas para isso: falta de espaços, discriminação, má educação, falta de oportunidade, más companhias, fator psicológico abalado, e etc. todos estes dados estão corretos, qualquer um destes ingredientes, podem resultar em um ser que se envolva ao lado do crime. Mas acredito que há um fator predominante em todos estes casos, o nosso sistema.A sociedade burguesa se acende diante da sociedade feudal, através do seu comércio, o comercio começa a trazer riquezas que os reis não tinham mais, o Estado está falido, e assim com o dinheiro da burguesia, o Estado toma um novo rumo, o rumo do capital, colocando uma pá de cal no já moribundo feudalismo. O capitalismo vem com a idéia que todos podem enriquecer e acabar com a idéia de quem nasce aldeão morrerá aldeão.O capitalismo toma o poder do Estado, norteia sua economia, cria a sociedade a sua imagem e semelhança, mas com isso coloca aqueles que não querem diante de seus olhos, para margem desta sociedade, os excluindo. O capital cria o fetiche pela mercadoria, onde está lhe dá prazer, lhe dá poder, e esta mercadoria lhe dá (ao capital) dinheiro/lucro/poder.Há uma frase de um texto judaico que diz “Não é possível ter lucros sem que os outros sofram prejuízos”, e é verdadeiramente isso que acontece, enquanto uns lucram e enriquecem, outros perdem, empobrecem. O operário vende sua mercadoria, sua mão de obra, para criar a mercadoria que, com o valor recebido pela venda de sua mercadoria, não consegue comprar a mercadoria por ele criada. Assim criasse a primeira desigualdade na sociedade capitalista.Mas a margem, aquela que colocamos aqueles que não queremos em nossa sociedade, também quer o produto, também querem consumir. Com o valor de sua mercadoria, desvalorizada (mão de obra), e na maioria das vezes sem isso.Mas o capitalismo faz apologia à mercadoria, mostra que o produto é o ideal para você, cria o fetiche, o apelo, o prazer a aquilo. E assim, numa sociedade que se constrói consumista, todos querem o produto ali oferecido, mas nem todos têm o poder de tê-lo, o poder do dinheiro. E ai começa o abacaxi, fica difícil de descascar este, pois a casca é muito grossa.Com sua força de trabalho desvalorizado; sem a capacidade de sair de onde está sem instrução; descriminado por onde vives; o estado emocional fica abalado, por não poder ter o produto, onde este pode trazer a falsa idéia de que com este produto, você fazer parte do clube da bolinha, o “dos caras”, o indivíduo recorre ao dinheiro fácil de conseguir, o crime. O roubo, o tráfico o homicídio, etc. o importante é ter o dinheiro, ter o lucro, bom se ter lucro é fazer outro sofrer prejuízo, está tudo bem, está na “parada” do capitalismo.Bom, mas quando a margem “lucra”, a sociedade capitalista se rebela, e cria leis para punir o marginal, olhe só como rotulamos o indivíduo, marginal é aquele que vem da margem, mas para a sociedade capitalista, a descrição de marginal é criminoso.O castigo de quem vive na margem da sociedade, é de não ser escolhido para viver nela, excluído; e quando quer romper este muro, é castigado novamente, é considerado marginal, o criminoso. Bom o crime, não é a solução para romper barreiras, mas diga isso a aquele que não teve oportunidade, uma boa educação, abala por ser descriminado, abalado por não poder consumir como os outros, vê todos os dias diante de seus olhos a ideologia para o consumo, e não pode saborear isso, querendo ser igual a todos que vive na sociedade, onde este vive na sua marginalidade.Quem deve ser castigado? O marginal (o que vive na margem da sociedade) que, tem a idéia que no sistema capitalista, ele pode se reerguer e conseguir ser igual diante a todos, ou este sistema (que hoje mostrasse falido), que educa para o consumo e para o lucro acima de qualquer coisa. Bom, o marginal, aquele que vive na margem, busca seu lucro acima de qualquer coisa, assim como aprende na escola, assim como o sistema lhe ensinou, a lei do mais forte. Que culpa ele tem se está rezando conforme a cartilha, o seu valor de trabalho vale tão pouco, tem que achar outras formas de lucro para poder consumir. O sistema o incrimina, mas ele só o retrato do sistema, o espelho desta ideologia de consumo; consuma, doa a quem doer.O valor da mercadoria do marginal, os que vivem na margem, fossem mais bem valorizados quando este o vende, poderia este indivíduo comprar o produto que ele mesmo o fabrica, sem recorrer ao crime, o dinheiro fácil, lógico que isso não iria acabar de vez, seria lento, uma reação em cadeia, com melhores condições de vida, melhores condições educacional, a oportunidade daquele que vende sua força de trabalho iria ser melhor, e melhor remunerado, consumia mais, a fabrica venderia mais, e todos assim lucravam.Quando irá acabar o crime, o crime diante dos olhos do sistema. Acredito que só quando acabar este sistema, pois esta história de conseguir lucro causando prejuízos em outros é banal. O sistema que rompe com o feudalismo, trás ele de volta, quem vive na margem, morrerás na margem, quem vive na sociedade, aquela que dizem que é perfeita, continuarás nesta. Decida quem é o causador do crime, e como ele deve ser castigado.