Nuandanças


Tenho pena da Lua
que se esconde atrás da nuvem
mas o que há de esconder
além de seu nu.
Nu anda eu na corda bamba
de um lado a cruz, onde serei crucificado
do outro lado a espada, que ultrapassará minhas entranhas
abaixo o penhasco
e lá no fundo o rio do esquecimento
com suas águas turbulentas
destroçando as memórias.
O que faço de mim,
se fazer o que desejo, sou um depravado
se usar a razão, serei deslejado
dúvidas pairam sobre minha cabeça
e a hora está chegando.
o que quero de mim
será que eles entendem
ou não entendem
pela surdez do umbigo
pela cegueira do egoísmo
mas, talvez exijo demais de mim
pois o deus dos trinta vem chegando
e eu queria tardá-lo
com a dúvida e o esquecimento.
Sou o mestre de minha própria arte
é uma nova forma
um novo modo de se apresentar
chore com a piada
ria da desgraça
aplauda o erro
vaia o espetáculo
deslumbre com o feio
e mate o que é belo.
Assim são vocês,
com seus ódios, raivas
estupidas ideias
de um novo mundo
sem melhorar a si mesmo
a mudança não vem de fora
é preciso vir de dentro
lá da alma
e não da lembrança do esquecimento
seu medo
é encontrar lá dentro
uma alma fria
tal alma que todos já a vejam
só você cego pelo seu egoísmo
enterrado na lama quente que te abriga
não consegui ouvir.