O
que é esta ciência tão antiga? Muitos nem imaginam que ciência é esta. Na
verdade muitos filósofos dedicam anos de pesquisas para responder tal pergunta,
e cada um tem uma maneira diferente de interpretar o significado desta; o filósofo
alemão Edmund Husserl (1859-1938),
dizia que ele sabia o que é filosofia, ao mesmo tempo que não sabe, a própria
explicação do que é filosofia é uma questão filosófica. Mas na real, o que é
essa tal de filosofia?
Primeiramente buscaremos na etimologia[1].
A expressão ‘filosofia’ vem de uma associação de dois termos gregos, philia (amor ou amizade) e sophia (sabedoria), seu significado
literal seria “amor pela sabedoria”. Porém aqui, deve-se ter cuidado, assim
como Charles Feitosa (2004) comenta,
“o filosofo não é um sábio, aquele que se sente cheio de certezas, mas sim
alguém que está constantemente à procura de conhecimento” [2].
A palavra filosofia foi primeiramente usada por Pitágoras (580-496
a.c), por não se considerar um ‘sábio’ (sophos no grego), mas apenas alguém que
ama e procura a sabedoria.
Somos animais racionais (homo sapiens), seres que pensam, que racionalizam. Por ser este
‘ser pensante’, questionamos sobre as coisas; quantas vezes não nos pegamos a
pensar o que é o amor, a vida, a morte? Este simples ato de questionar, nos faz
buscar argumentos para dar sentido a estas coisas. Então é do homem questionar,
e este ato é o ato de filosofar, um simples ato espontâneo, que todo homem tem
capacidade de fazer, assim como o filósofo italiano Gramsci dizia, “não se pode pensar em nenhum homem que não seja
também filósofo, que não pense, precisamente porque o pensar é próprio do homem
como tal” [3].
A filosofia pressupõe, de certa forma, uma
constante disponibilidade para o questionamento, assim como os filósofos gregos
Platão (429-347 a.c) e Aristóteles (384-322 a.c), disseram que, a
primeira virtude do filósofo é admirar-se, ser capaz de surpreender-se com
todas as coisas, e indagar as verdades dadas, é um sair de si, ir á busca da
verdade e não esperar por ela.
Segundo estes filósofos, devemos então nos surpreender,
assim como o escritor Jostein Gaarder
relata, “a capacidade de nos surpreendermos é a única coisa que precisamos para
nos tornarmos bons filósofos” [4].
As crianças possuem esta capacidade de surpreender-se com todas as coisas,
mesmo ela vendo o mesmo objeto/coisa diversas vezes, na verdade há um espanto
pelo novo. Alguns pensadores, assim como Rubens
Alves, afirmam que, devemos ter o espírito de uma criança, para que assim,
possamos exercer nossa plena capacidade filosófica[5].
De certo forma os adolescentes, também possuem outra característica do
filosofar, a curiosidade. Por sua vez, devido à idade, muitos jovens
envolvem-se com comportamentos inadequados como sexo sem prevenções e uso de
drogas.
O ser humano, assim quando vai crescendo, vem
perdendo a capacidade de surpreender, admirar, espantar, nossa curiosidade é
reduzida. Infelizmente o homem nasce filosofando, e ao
amadurecer deixa de lado esta característica. No livro O Mundo de Sofia, o
escritor Gaarder, aborda este assunto:
O triste de tudo isso, é
que, à medida que crescemos, nos acostumamos não apenas a lei da gravidade.
Acostumamo-nos, ao mesmo tempo, com o mundo em si (...). Ao que tudo indica, ao
longo da nossa infância nós perdemos a capacidade de nos admirarmos com as
coisas do mundo. Mas com isso perdemos uma coisa essencial – algo que os
filósofos querem nos lembrar. Pois em algum lugar dentro de nós, alguma coisa
nos diz que a vida é um grande enigma. E já experimentamos isto, muito antes de
aprendermos a pensar[6].
A pergunta que fica é....
Por que crescemos?
[1]
Parte da gramática, que trata da
origem e formação das palavras.
[2]
FEITOSA, Charles. Explicando a filosofia
com arte. Rio de Janeiro:Ediouro, 2004. p.12.
[3]
GRAMSCI, Antonio. Obras escolhidas.
São Paulo: Martins Fontes, 1978. p. 45
[4]
GAARDER, Jostein. O mundo se Sofia. São
Paulo: Cia das Letras, 2003. p. 27.
[5]
SILVA, Márcio Alexandre. O que é
filosofia? Filosofia, ciência e vida,
São Paulo:Escala, 2009, v. IV,n. 43.
[6]
GAARDER. Op. Cit. p. 30.