Filosofia em Watchmen - Parte II - Ozymandias e a ética utilitarista

 Por Gelson Weschenfelder

        Este é o segundo parte de textos sobre Filosofia em Watchmen (se perdeu a primeira parte, acesse AQUI). Nete texto focaremos no herói Ozymandias.


Adrian Veidt, o herói Ozymandias, considerado o homem mais inteligente do mundo. Após a Lei Keene, que exige que os heróis mascarados se registrarem e trabalhassem para o governo ou se aposentassem; se aposenta de suas aventuras e revela ao mundo sua identidade secreta. E se torna um grande empresário.

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Mas Veidt é um megalomaníaco, (que quer se comparar a Alexandre, O Grande, antigo conquistador que dominou todo mundo conhecido, sem barbárie), reduzindo a mais fundamental divisão política internacional a um simples nó górdio[1]. Ninguém conseguia desatar o nó, até que Alexandre então, dividiu com sua espada, encontrando uma resposta simples para um problema insolúvel. Assim Alexandre conquistou o restante do mundo.

Veidt acreditava que o caminho para acabar com a guerra e o sofrimento humano era forçar as potências mundiais a se alinharem contra um inimigo comum, e então comete assassinato em massa em nome do bem maior (IRWIN, 2009. p. 43). Em seu plano, envolve tomar as vidas de metade da população da cidade de Nova York.

Ozymandias, parece ser um filósofo consequencialista: a ideia de que o valor de uma ação provém inteiramente do valor de suas conseqüências (BLACKBURN, 1997. p.73). Segundo Irwin, ele é o tipo de ser que, quando tem que tomar decisão, lista cuidadosamente os prós e os contras e escolhe a opção que tem mais prós na balança. Pelo menos é isso que Ozymandias pensa de si mesmo (IRWIN, 2009. p.68), esse tipo de consequencialismo calculista de Veidt, está bem associada com a ética do utilarismo.  Doutrina proposta pelos filósofos ingleses Jeremy Bentham(1748-1832) e Stuart Mill (1806-1873), esta propõem  que as ações são corretas proporcionalmente à sua tendência para promover a felicidade. Um ato deve ser preferido a outros em função da maior felicidade que proporciona em comparação a eles (BLACKBURN, 1997. p.397). Veidt acredita que sacrificar a vida de milhões salva, bilhões de vidas (Watchmen: O filme, 2009), trazendo a felicidade a todos, com o fim da eminente guerra nuclear.

E fazer o que Veidt, o Ozymandias fez? Você dirá que é injustiça. Pois bem um dos meios para prevenir tal barbárie, é a doutrina dos direitos humanos[2], na qual nos diz que há algumas coisas que o individuo não pode ser obrigado a fazer contra sua vontade, mesmo que seja em nome do bem maior. Esta é uma das críticas à doutrina do utilitarismo, pois esta é, incapaz de abraçar a doutrina dos direitos humanos (IRWIN, 2009. p.71).

 

Os utilitaristas tomam sua motivação a partir do instinto básico de que a dor é ruim e o prazer é bom. Individualmente, você e eu buscamos prazer e evitamos a dor. Os utilitaristas tentam remover o egoísmo disso ao nos pedir para que busquemos o prazer para todo mundo. Agindo assim, tentam fazer a ética um pouco mais objetiva: menos a respeito do que você quer e mais a respeito do que é bom em si mesmo (IRWIN, 2009. p.72).

 

Ozymandias é um homem cujo ego opressivo e a incapacidade de apreciar a natureza obscura da vida o levam a pensar que o fim pode, justificar os meios (IRWIN, 2009. p.73).



[1] A provável  lenda do nó gódio remonta ao séc. VIII a.C.Conta-se que o rei da Frígia (Ásia Menor) morreu sem deixar herdeiro e que, ao ser consultado, o Oráculo anunciou que o sucessor chegaria à cidade num carro de bois. A Profecia foi cumprida por um camponês, de nome Górgio, que foi coroado. Para não esquecer de seu passado humilde ele colocou a carroça, com a qual ganhou a coroa, no templo de Zeus. E a amarrou com um nó a uma coluna, nó este impossível de desatar e que por isso ficou famoso. Górdio reinou por muito tempo e quando morreu, seu filho Midas assumiu o trono. Midas expandiu o império, porém, ao falecer não deixou herdeiros. O Oráculo foi ouvido novamente e declarou que quem desatasse o nó de Górdio dominaria toda a  Ásia Menor.

[2] Os direitos humanos são os direitos e liberdades básicos de todos os seres humanos. Normalmente o conceito de direitos humanos tem a ideia também de liberdade de pensamento e de expressão, e a igualdade perante a lei.


Bibliografia

 

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. 2ª edição. Tradução Edson Bini. Bauru, SP:

Edipro,2007.

BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de filosofia.Rio de Janeiro: Jorge Zahar

editor, 1997.

IRWIN,William. Wachtmen e a filosofia.São Paulo: Ed. Madras, 2009.

KANT. Fundamentação da metafísica dos costumes.São Paulo: Martin Claret, 2003.

KANT. The metaphysiscs of morals.Cambridge, UK:Cambridge University Press, 1996.

WATCHMEN.Edição Definitiva.DC Comics.Editora Panini, 2005.

Watchmen:O filme.Direção:Zack snyder.Warner Bros Pictures, 2009.1 DVD(162

mim),color.