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MUITO ALÉM DOS SUPER-HERÓIS 1

  Por Paulo Kobielski


Nessas andanças pelos diversos eventos de quadrinhos no país, entre eles a CCXP, FIQ, CConFloripa, CConRS, percebi o quanto os super-heróis das duas grandes editoras do ramo, DC e Marvel, ganham a preferência entre os fãs. Esses personagens criados na Era de Ouro dos comics, vendem milhões de gibis no mundo a cada ano, catapultados a grandes alturas pelas produções cinematográficas, mantendo os super-heróis como verdadeiros ícones do mercado. Superman, Batman, Capitão América, Thor, realmente são muito fascinantes. Entretanto, sabemos que nem só de super-heróis vivem ou viveram as histórias em quadrinhos.


Quem de nós já não leu um gibi, assistiu a um desenho animado ou, um seriado na TV do Pato Donald, Pernalonga, Jornada nas Estelas, Formiga Atômica, Pica-Pau ou Zorro? Como não lembrar desses carismáticos personagens que povoaram nosso imaginário e deram sentido a infância de muitos de nós. Pois todos eles tiveram uma história em comum: eram publicados nas páginas dos diversos títulos de uma mesma editora de histórias em quadrinhos, a Dell Comics. Essa editora se tornou muito conhecida nesse meio por publicar material licenciado dos mais notáveis personagens dos desenhos animados da Walt Disney Productions, Warner Bros., Metro-Goldwyn-Mayer e Walter Lantz Studio além de muitas adaptações e séries derivadas de filmes e seriados de televisão tais como Zorro, Tarzan, Daniel Boone, Bonanza, Zé Colméia entre outros.


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Fundada em 1921, por George T. Delacorte Jr., a Dell Publishing, começou com as “tais” revistas populares, sendo uma das pioneiras nos quadrinhos. Seu primeiro lançamento, “The Funnies”, foi colocado à venda em 1929 - tornando-se possivelmente o primeiro periódico americano especializado em quadrinhos, não reimpresso de tiras de jornal. A razão pela qual este semanário não estar listado na maioria dos guias como “o primeiro gibi” é provavelmente porque foi publicado como um tablóide, ao invés do tamanho de um gibi tradicional. Enfim, “The Funnies” durou 36 edições, terminando outubro de 1930.

A Dell começou a ganhar uma posição mais destacada nos quadrinhos em fevereiro de 1936, quando lançou a “Popular Comics”- agora no formato padrão dos comics - uma antologia mensal, contendo reimpressões de histórias em quadrinhos de jornal. Esta revista se concentrava nas tiras distribuídas pelo The Chicago Tribune Syndicate, como Dick Tracy, e vários outros. Mais tarde, em 1937, a Dell começou outra série de reimpressões dessas tiras, intitulada simplesmente “The Comics”. Todos os três títulos foram impressos por Maxwell Gaines - que mais tarde se tornou um dos fundadores da DC Comics, editora do Superman/Batman e mais tarde da EC Comics, que ficou famosa publicando gibis de terror, suspense, ficção científica e policial nos anos de 1950.

Em 1938, a Dell firmou um acordo com a Western Printing and Lithographing Co., que detinha os direitos de fazer material original usando vários personagens populares de outras mídias. A Dell foi contratada para fazer versões de quadrinhos desses personagens. Essa parceria duraria quase um quarto de século e, no final dos anos 1940, tornou a Dell Comics como a maior editora de quadrinhos da América.

No início dos anos 1940, a maioria das editoras de quadrinhos aderiu à moda dos super-heróis. Mas a Dell encontrou seu nicho em propriedades licenciadas e destinadas a leitores mais jovens. Foi então que em 1940, lançou “Walt Disney's Comics & Stories”, uma revista que apresentava os famosos personagens de Walt Disney, como Pato Donald e Mickey Mouse. Em 1941, “Looney Tunes & Merrie Melodies Comics” começou, apresentando os personagens de desenhos animados da Warner Bros. Em 1942, “The Funnies” se tornou “New Funnies”, e começou a apresentar os personagens de Walter Lantz. No mesmo ano estreou “Our Gang Comics”, com personagens de desenhos animados da MGM como Tom & Jerry.  Muitas das tiras de jornais populares tinham versões da Dell Comics, assim como alguns programas de rádio e, mais tarde, de TV.

A Dell se deu tão bem com seus animais engraçados licenciados que, em 1941, lançou sua própria antologia. “Animal Comics”, onde surgiu o Pogo, de Walt Kelly, foi a primeira história em quadrinhos a se especializar no gênero, usando personagens criados especialmente para revistas em quadrinhos.

Já, “Four Color Comics” era um tipo especial de antologia. Cada edição destacava um único personagem, como Pato Donald ou Popeye. No final dos anos 1940, muitos dos personagens que haviam sido apresentados em “Four Color” foram movidos para suas próprias séries regularmente publicadas, tornando-se o primeiro título de teste dos quadrinhos, antecipando “Showcase” e “The Brave & the Bold” da DC, em mais de uma década. “Four Color Comics” era publicada em média duas vezes por semana durante os anos 1950 - e acumulou mais de 1.300 edições, mais do que qualquer outra história em quadrinhos americana antes ou depois, quando terminou, em 1962.

Em 1942, “Walt Disney Comics & Stories” é o primeiro título de humor a ganhar mais de um milhão de sorrisos. As vendas imediatas ao pós-guerra crescem de forma avassaladora. No ano de 1946, “Walt Disney Comics & Stories” torna-se o gibi mais vendido da indústria dos comics, passando a marca de 1.800.000  exemplares, superando o todo poderoso Superman (1.672.169) e Batman, o homem-morcego (1.451.053).

Depois de 1947, as vendas de quadrinhos de super-heróis caíram vertiginosamente, enquanto as palhaçadas do Pato Donald, do Pernalonga e outros “bichos” decolavam.  No ano de 1952, “Walt Disney Comics & Stories” chegou a marca insuperável dos 2.850.000 gibis vendidos nos Estados Unidos.

Esqueça DC, esqueça Marvel. Quem dominava a década de 1950 era a poderosa Dell Comics. Em 1954, embora o número total de títulos de quadrinhos da Dell seja de apenas 15% dos publicados, ela controlava quase um terço do mercado total. A Dell tinha mais milhões de gibis vendidos do que qualquer outra editora antes ou depois, incluindo títulos como Bugs Bunny, Woody Woodpecker, Looney Tunes, Pato Donald , Uncle Scrooge , Mickey Mouse , Porky Pig , Tom & Jerry e Little Lulu . Uma adaptação cinematográfica como Peter Pansolicita vendia mais de três milhões e meio de exemplares sozinha.

Mas qual o segredo para a Dell vender tantos milhões de gibis a cada ano? Já em 1943, George Delacorte Jr., seu grande editor, explicava que diversificou os quadrinhos da Dell para alcançar “... crianças que ainda não aprenderam a ler e aquelas que talvez murmurem com os lábios ao ler.” Apesar do desdém de Delacorte em relação a esse mercado, a publicidade interna da Dell colocava nas suas revistas um "aviso aos pais" pelo qual se comprometia a eliminar qualquer material controverso, finalizando com a clássica frase "Dell Comics Are Good Comics" (algo como "Os quadrinhos da Dell são do bem").

Quando os autodenominados guardiões morais do pós-guerra, tentaram vincular a leitura de quadrinhos à delinquência e perversão, a partir da fatídica obra ”Sedução dos Inocentes”, de Fredric Wertham, a Dell evitou as críticas e o rígido Código de Ética da indústria, pois não publicava super-heróis, terror ou outros gêneros e focava principalmente em materiais de licenciamento “saudáveis” ​​de outras mídias.

O que surpreendia é que a Dell Comics não era apenas “boa” de boa qualidade para você, mas também porque, em uma indústria tão voltada para o lucro e para um público juvenil, atraía muitos roteiristas e artistas de talento como Walt Kelly, Carl Barks, Alex Toth, Russ Manning, John Buscema e outros, que alcançaram grande sucesso e têm seus nomes associados a editora.

A poderosa Dell Comics começou bem a década de 1960. Ninguém a segurava. Não havia competição para ela. Nenhuma editora conseguia ameaçar a incrível supremacia de venda das revistas que traziam o selo Dell. Mas um erro  estratégico interno a levou para caminhos adversos. Mas isso você verá no próximo capítulo, prezado leitor.

 

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