As histórias
em quadrinhos (HQs) são uma sequencia de desenhos que vão formando uma série de
acontecimentos para contar uma história. Além de desenhos, outros recursos
ajudam a narrar essa história. As cores escolhidas em cada cena e os elementos
escritos, como os balões que indicam as falas e os pensamentos dos personagens,
são alguns exemplos.
Quadrinhos
também podem ter legendas indicando a fala do narrador e onomatopeias, que são
palavras responsáveis por demonstrar os sons dos ambientes e das ações. Os
quadrinhos poder ser impressos em forma de revistas, livros (chamados de
Graphic novel), fanzines ou no formato de tirinhas de jornal. E ainda, podem
ser digitais, como as web comics, que são quadrinhos publicados na internet.
As histórias
em quadrinhos são a nona arte, conhecidas pelo termo de Arte Sequencial. Arte sequencial é
um termo cunhado por Will Eisner em seu livro Comics and Sequencial
Art publicado em 1985. Teve o intuito de considerar e examinara
singular estética da arte sequencial, “como veículo da expressão criativa, uma disciplina
criativa, uma forma artística e literária que lida com a disposição de figuras
ou imagens e palavras para narrar uma história ou dramatizar uma ideia”
(EISNER, 2010). Após trabalhar anos desenhando quadrinhos, Eisner abdicou da
prancheta de desenho, para dedicar-se ao treinamento e à profissionalização de
novos ilustradores da área (GOIDA, KLEINERT, 2011); segundo ele, a arte
sequencial foi ignorada por muitas décadas como forma digna de discussão
acadêmica. Eisner foi o pioneiro em trabalhar com arte sequencial no mundo
acadêmico, ministrando aulas sobre o tema na Escola de Artes Visuais de Nova
Iorque.
Arte sequencial
se refere a modalidade artística que usa o encadeamento de imagens em sequência
para contar uma história ou transmitir uma informação graficamente (EISNER,
2010). Para Groensteen (2004), é uma arte de narrar através das imagens. O
melhor exemplo de arte sequencial são os quadrinhos, que são composições
impressas de desenho e textos utilizando balões de diálogo, especificamente em
revistas em quadrinhos e nas tirinhas de jornais. Para McCloud (2005), “são
imagens pictóricas justapostas em sequência deliberada destinadas a transmitir
informações e/ou a produzir uma resposta no espectador” (p.9). A leitura de
imagens nada mais é, que uma atividade que requer compartilhamento de
experiências. Mesmo que oculto, o texto sempre se apresenta neste tipo de arte.
McCloud (2005) afirma que, as imagens sem palavras, embora aparentemente
representa em uma forma mais primitiva de narrativa gráfica, na verdade exigem
certa sofisticação por parte do leitor (ou espectador), e continua: “A
experiência comum e um histórico de observação são necessários para interpretar
os sentimentos mais profundos do autor” (p.20). Para Eisner (2010), os
quadrinhos são as melhores representações das artes sequenciais, apresentando
uma sobreposição de palavra e imagem, levando assim o leitor a exercer as suas
habilidades interpretativas visuais e verbais, pois segundo ele, os “quadrinhos
empregam uma série de imagens repetitivas e símbolos reconhecíveis” (p.21).
Porém, essa
mistura especial de duas formas distintas (palavra e imagem) não é nova. A arte
sequencial é algo tão antigo quanto a comunicação humana, melhor dizendo, ela
inicia coma primeira forma de comunicação humana. Esta arte inicia no período
Paleolítico, com pinturas em forma de sequência, contando uma história; passa
pelos hieróglifos egípcios, uma mistura de desenhos e escrita, pelas grafias
japonesa e chinesa, pelos vitrais e a via-sacra dos templos católicos, até os
painéis miniaturas de Bruegel, mostrando as estações do ano. Seguem as gravuras
de Goya, onde se contam os desastres da guerra; os folhetins ilustrados,
romances seriados e os crimes pavorosos relatos em pôster; até chegar às
charges e tiras de jornais. Por fim chega-se à criação das histórias em
quadrinhos (MOYA, SANTOS NETO, SILVA, 2011), onde essa, diferentemente de todas
as narrativas visuais sequenciais que as precedem e lhes deram gestação ao
longo da labuta cultural humana, das pinturas de paredes de cavernas do
Paleolítico até as gravuras fantásticas de Goya, os quadrinhos são a
popularização desta arte (PATATI, BRAGA, 2006, p.9).
É interessante
notar que o termo, arte sequencial, pode ser aplicado a outros meios, como
filmes, séries de TV, animações e Storyboards.
A arte sequencial existe há milênios e é uma das primeiras formas de
comunicação do homem, que perpassa os tempos e continua como uma ferramenta
popular, e, segundo Santos Neto e Silva (2011), a relação entre o código
escrito e o imagético existente nos produtos de linguagem gráfica sequencial
permite uma fruição única de leitura, uma forma de apreensão da mensagem que é
apenas deles e de nenhuma outra forma de comunicação.