Amor além da Vida

Assisti neste final de semana um filme “do baú”, porém achei muito bom, faz pensarmos sobre o que é o “EU”, e como somos. O nome do filme é “Amor além da vida”, e tem como papéis principais dois grandes atores norte – americanos, Robin Willians e Cuba Gooding Jr. Depois da morte de seus filhos, Chris Nielson (Willians) e sua esposa, Annie, passam por insuportáveis dificuldades emocionais. Anos depois, uma outra tragédia acontece. Chris também morre. Ele vai para o Paraíso, onde conhece Albert (Gooding Jr.), um rapaz que vai ajudá-lo em sua adaptação em sua nova existência. Annie acaba se suicidando. Porém, ela não vai para o paraíso, e sim para uma espécie de purgatório. Quando descobre o destino de sua esposa, Chris sai em uma jornada em busca da salvação da alma de Annie. Há inúmeras cenas que destaco deste filme: a primeira bem no início, logo após o falecimento trágico de Chris, um ser borrado dialoga com o espírito do falecido, e uma frase me chama a atenção, e desencadeia outras cenas importantes do filme. “Medo de ter desaparecido? Mas você apenas morreu...”. Em outra cena, o espírito de Chris, tenta dialogar com sua amada Annie, na qual insiste inúmeras vezes que “... estou aqui. Eu ainda existo. Eu ainda existo!”, e ainda “... não vou deixá-la sozinha, não vou a alugar algum!”. Com a morte, nós, seres humanos, desaparecemos? Ou só nosso corpo desaparece, nosso estado físico? Se desaparecemos, como julgar a lembrança de que temos de nossos entes queridos que já se foram? A morte é um fim para o “eu”? Quando Chris aceita sua morte e vai para o além, ele descobre o seu paraíso “... aquele que nós criamos ou pintamos...”, e encontra o seu antigo mestre Albert, quem dá as boas vindas, e é aí que se inicia um diálogo na qual discute-se o que vem a ser o “Eu”: 

“Chris: - Eu estou mesmo aqui? 
Albert: - O que você quer dizer com você afinal? Você é seu braço ou sua perna? 
Chris: - Em parte. 
Albert: - É mesmo? E se você perdesse todos os seus membros, deixaria de ser você? 
Chris: - Ainda seria eu. 
Albert: - Então o que é o Eu? 
Chris: - Meu cérebro, eu acho. 
Albert: - Seu celebro? Seu celebro é um pedaço do corpo, como sua unha, seu coração. Por que esta parte é você? 
Chris: - Por que eu, sou como uma voz em minha cabeça, a parte de mim que pensa, que sente medo.Que tem consciência que eu existo. 
Albert: - Então se tem consciência de que existe, você existe. Então é por isso que você ainda está aqui! ”.

 Este diálogo me faz lembrar, a frase do filósofo francês Descartes: “Cogito ergo sum” ou “Penso, logo existo”. O nosso verdadeiro “Eu”, não é físico, e sim o entendimento deste, a consciência. Tendo esta consciência, procuramos entender o nosso “eu”, não por que somos um corpo físico, mas um ser que possamos pensar, temos a consciência que existimos. Em outro diálogo Albert questiona Chris: “- Por que é tão difícil? - Sua mente, sua carne, ela apodrece e desaparece. - Você acha de verdade que você é só isso?”. E continua: “- O pensamento é real. Física é ilusão! Que ironia isso, não acha?”. Esta frase me soa com ar de platonismo. Nem sempre o que vemos, é verdadeiramente aquilo que vemos. Não entendemos as coisas só pelos sentidos. Ele nos auxilia, mas não o entendimento completo. Por isso a necessidade do pensamento, ele sim é real, ele sim faz chegarmos ao entendimento completo das coisas postado em nossa frente. Chris para Albert: “- Ora, Einstein. O meu relógio não funciona aqui, ele não marca mais o tempo. O tempo não existe aqui. Estiver ele onde estiver.” Não há nada físico no pensamento, nem o tempo faz conjurar horas nele, no pensamento o tempo deixa de existir. Temos a consciência destes, e o que eles são diante de nossos olhos. “Aquilo que as pessoas chamam de impossíveis, são o que elas nunca viram”. Não podemos entender o que não existe, por isso a sensação de impossibilidade, pois não foram vivenciadas diante dos nossos sentidos. Mas se vivenciamos em nosso pensamento, elas existem? Mais uma frase me chamou atenção. Algo que nos faz falta em nosso viver. Algo que poderá nos dar impulso para a vida, a nossa vida. “...não se trata de não entender. Se trata de nunca desistir.”