Uma das críticas mais recorrentes em
filmes de monstros é que a parte humana da história é sempre mal desenvolvida,
onde é tratada como um “mal necessário” para poder ocupar o espaço entre as
cenas de destruições. Com raras exceções temos um ou dois personagens
interessantes, mas na maioria das vezes, não nos importamos com os personagens.
Podemos citar como exemplos os filmes do Transformers dirigidos pelo Michael
Bay, os filmes do Monsterverse (Godzilla, Kong – Ilha da Caveira....). Então
chegamos a GodzillaMinusOne, filme comemorativo ao 70 aniversário do monstro.
É um filme do Godzilla, mas nos
importamos com os personagens, e isso faz toda a diferença, além de tratar o
Godzilla não como um herói salvador, mas uma ameaça e você sente esse peso da
ameaça do monstro, e o filme não esconde os efeitos da destruição nas pessoas.
E junta a isso ao peso da sociedade do Japão no pós-guerra, já que o filme tem
início em 1945 e quando chega a 1947 tem início o clima de Guerra Fria. E o
filme não poupa críticas ao governo japonês.
O Japão é um país destruído, não
apenas de forma física, mas moral. As pessoas possuem cicatrizes, dores e
traumas, e isso é mostrado de forma muito clara, inclusive em pilotos kamikazes
sobreviventes, e não bastasse isso, ainda tem um monstro gigante destruindo o
Japão. O filme tem mais em comum com o primeiro filme de 1954 que com os filmes
seguintes, inclusive os produzidos por Hollywood. Respeito é a palavra-chave do
filme.
E a parte gráfica não deve em nada aos
filmes de Hollywood que custam 200 milhões de dólares, e em muitas vezes
melhores visto os últimos filmes como Flash e Homem Formiga e a Vespa -
Quantumania. Aliás, GodzillaMinusOne custou menos de 15 milhões, troco em
qualquer superprodução atual. E surtiu resultado, pois o filme está entre os 20
selecionados na pré-lista para indicados de efetivos visuais para o Oscar de
2024 e indicado como Melhor Filme Estrangeiro no CriticsChoice Awards 2024. E é
o blockbuster liveaction mais bem avaliado no IMDB em 2023.
Apesar de muitas cidades terem mais
sessões dubladas e muitas pessoas preferem filmes legendados, não deixem de
ver. É um filme que deve ser visto, não só por sua história, mas também por ser
um trabalho excelente de lançamento pela distribuidora brasileiraSato Company,
ao lançar o filme em uma data próxima das estreias no Japão e Estados Unidos.
Em um ano recheado de decepções no
cinema (como o já citado Flash, Homem Formiga e a Vespa – Quantumania, As
Marvels, Shazam! Fúria dos Deuses, Missão Impossível: Acerto de Contas e por aí
vai), temos que valorizar obras que se preocupam em ser um filme, não apenas a
“superprodução descartável da semana”.Ao sair da sala do cinema o primeiro
pensamento que me veio a cabeça foi “o Monsterverse tá ferrado”. E o trailer de
Godzilla e Kong – O Novo Império não ajuda a mudar essa opinião.
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