Por Filipe Martins
Vamos começar com um aviso, pois se você espera um Godzilla Minus One vai que Godzilla, uma criação cinematográfica japonesa que ecoa os horrores da Segunda Guerra Mundial e os efeitos devastadores das bombas atômicas lançadas em Hiroshima e Nagasaki. Surgindo pela primeira vez em 1954, como uma metáfora para os perigos da energia nuclear descontrolada, Godzilla rapidamente se tornou um ícone da cultura pop, representando não apenas uma ameaça física, mas também uma lembrança contundente das consequências catastróficas da guerra e da tecnologia.
Por outro lado, Kong, o gigante da Ilha da Caveira, é uma figura mais antiga, cuja origem remonta à imaginação de Merian C. Cooper e Edgar Wallace nos anos 1930. Inspirado por relatos de expedições à selva e criaturas gigantes do folclore, King Kong personifica o exótico e o desconhecido, além de retratar temas como a exploração e a dominação da natureza pelo homem. Desde então, Kong tem sido reinventado várias vezes no cinema, cada versão adicionando novas camadas à sua história, mas mantendo a essência do poderoso primata que desafia os limites entre o homem e a besta.
Tanto Godzilla quanto Kong já tiveram filmes com um tom mais sério e que representavam uma mensagem, seja a Grande Depressão com o King Kong de 2005, quanto o acidente com a usina de Fukushima com Shin Godzilla de 2016. Mas esse novo filme remete à Era Showa (1954–1975), que curiosamente é quando foi lançado em 1962 King Kong vs. Godzilla.
A Era Showa do Godzilla é um período fundamental na história do monstro japonês.
Iniciando-se em 1954 com o lançamento do primeiro filme, este período estende-se atémeados dos anos 1970. Durante a Era Showa, Godzilla transcendeu as telas de cinema para se tornar um símbolo cultural, representando não apenas o medo nuclear, mas também refletindo as mudanças sociais e políticas do Japão pós-guerra.
Os filmes da Era Showa exploraram uma ampla gama de temas, desde a preocupação com a energia nuclear até as questões ambientais e a paranoia da Guerra Fria. Além disso, esse período testemunhou a evolução do próprio Godzilla, inicialmente retratado como uma ameaça destrutiva e, ao longo do tempo, transformando-se em um defensor da humanidade contra ameaças ainda maiores, como invasores alienígenas e monstros igualmente poderosos.
Ela também foi marcada pela introdução de outros kaijus, como Mothra, Rodan e King Ghidorah, e seus confrontos com Godzila.
Voltando ao Monstervese, este é o primeiro filme em que os monstros possuem uma participação maior do que os humanos, os quais não possuem desenvolvimento, e as lutas parecem ter sido feitas por uma criança brincando com seus bonecos. E não estou criticando, ao contrário, elogiando, pois é isso que se espera de um filme de luta de monstros. O filme é divertido, a trilha sonora remete a filmes de ficção científica e abraça o lado fantástico de vez, justamente o contrário de Godzilla de 2014, que deu início ao universo, buscando um lado mais realista e humano. Sinceramente, o filme poderia passar na antiga TV Manchete, o que o tornaria ainda melhor.
Muito divertido, a interação entre os kaijus é ótima e as lutas enchem a tela do cinema. Se você acompanhou esses filmes de monstros na infância, vai adorar essas cenas (e esboçar um sorriso em outras). A trama? Um novo primata gigante surge para dominar o mundo, e Godzilla e Kong devem enfrentá-lo. Pronto, é isso. Por que complicar mais? E ainda há surpresas.
Mas uma opinião minha, eu assistiria um spin-off mostrando a reconstrução de umac idade após a luta final, pois trata-se de um país que facilitaria esse tipo de reconstrução sem burocracia. Então é isso, vejam e divirtam-se, pois o cinema também é para isso, passar duas horas divertidas e sair com um sorriso no rosto.
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