Hayakawa conta que existe na sociedade japonesa, especialmente entre as pessoas de mais idade, a ideia de não querer incomodar aos outros, por isso as personagens, no filme, aceitam com tanta facilidade o Plano 75. “Além disso, existe uma pressão social invisível que faz com que os idosos se sintam inúteis e um fardo para a sociedade. A mídia também propaga o medo de envelhecer e envelhecer a sociedade, por isso a ansiedade das pessoas está crescendo. Até os jovens se preocupam com as suas vidas após a reforma.” A diretora também conta que A Balada de Narayama, clássico de Shôhei Imamura, serviu como inspiração para seu filme. “Sinto que os japoneses têm uma espécie de espírito de auto-sacrifício. Às vezes é dito como ‘virtude’ e ‘modéstia’. Há uma semelhança no espírito em A Balada de Narayama e no PLANO 75. Aqui, quis retratar que o governo que não mostra a sua cara no filme, manipula esse espírito para levar a cabo este sistema desumano.” Outro elemento que Hayakawa atualiza em seu filme é a noção de laços familiares na sociedade japonesa. Segundo a cineasta, aquela imagem da ligação forte entre os filhos e os pais ou os avós não corresponde mais à realidade contemporânea.
“A falta de vínculo (não só entre familiares, mas também entre outros e parentes não consanguíneos) é um dos motivos para tornar as pessoas apáticas com os outros. Esses dois personagens jovens, Hiromu e Yoko, a princípio não tinham imaginação para a dor dos outros. Mas por terem vínculo afetivo com Michi e Yukio, eles passam a sentir simpatia por eles. Acho que ter compaixão é a chave para lutar contra a intolerância e a apatia. Queria retratar uma esperança na percepção destes dois jovens.” O elenco traz a veterana atriz Chieko Baishô (“É Triste Ser Homem: O Reencontro com Lily”), e jovens talentos, como Hayato Isomura e Yumi Kawai, além da filipina Stefanie Arianne.
“Este é um drama delicado, [que mostra como] a raiva que permeia momentos agridoces gradualmente se acumula em uma raiva palpável e persistente de como nos tornamos bons em rotular a crueldade como compaixão”, escreve David Ehrlich, na indieWire “O tratamento silenciosamente realista de Hayakawa da premissa distópica torna a visão assustadora”, diz Sara Merican, na revista Sight & Sound. PLANO 75 será lançado em cinemas nacionais no dia 25 de abril pela Sato Company. |
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