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El Sombra, de Edu Molina, é o lançamento mexicano da Tai!



El Sombra, de Edu Molina, é uma das misturas mais estranhas nos quadrinhos de hoje. Não importa como olhamos para isso, é assim mesmo. Num mundo em que é cada vez mais difícil encontrar verdadeiras raridades, isso é algo que não tem preço e que podemos elogiar com segurança. Edu Molina abre a história como se fosse um quadrinho pulp/noir, e de fato seu protagonista, aquele que chamam de El Sombra, é um detetive de porte clássico e nos é apresentado como tal. Mas é todo o clássico que vamos encontrar nestas páginas. A partir daí é loucura, ficção científica, política, humor irreverente e uma infinidade de elementos que parecem impossíveis de se fundirem em uma única história em quadrinhos. Edu Molina dá uma forma estranha e ousada, na qual literalmente tudo pode ser esperado. Não é uma proposta convencional, claro, e isso nos faz lê-la de sobrancelhas erguidas, esperando algo diferente e recebendo algo totalmente inesperado. Não vale a pena pensar no que parece El Sombra, apenas aproveite sua diferença, que é realmente o que se destaca nesta peculiar história em quadrinhos.

( Conheça a Editora Tai AQUI)

Molina recupera um espírito que de alguma forma parecia perdido. Deixa uma sensação que, dentro da sua raridade, é uma história daquelas que poderíamos ter lido em prestações em uma Heavy Metal, Aventura & Ficção ou Animal, com aquela estrutura um tanto caótica por vocação e, não por engano, aqueles personagens extremos e quase opostos entre si, aquela ficção científica particular com conotações políticas e aqueles cenários impossíveis de classificar. E tudo com esta seleção brutal de citações literárias que nos guiam pelas emoções que a obra tem para gerar. A questão é que nunca sabemos o que vai acontecer a seguir, embora quando chegamos ao final tenhamos a clara sensação de que intuímos algo sobre o que poderia acontecer. E aquele final, um clímax bem preparado e medido, é a conclusão perfeita, lógica e até cínica que merece a abordagem que o autor vem fazendo desde o início. Não é fácil saber se Molina nos conduziu por um caminho simples ou se, de fato, ele nos enganou habilmente, fazendo-nos pensar que foi assim. Quer percebamos ou não, o que ele quer dizer é que nos obrigou a dar outra volta em seu quadrinho, a revisar cada página, cada personagem, cada evento e o cenário como um todo para continuar descrevendo as coisas.


Isso também acontece com o seu desenho. A sensação noir vem da natureza de seu protagonista, mas também de sua primeira sequência, uma introdução magnífica sem diálogos e sem som, e claro de seu poderoso preto e branco, justamente para marcar as formas .e gerar sensações. Com um volume ligeiramente caricatural que, dentro do seu estilo pessoal, por vezes nos lembra ligeiramente o que o grande Alberto Breccia era capaz de fazer, mas com uma presença muito mais suja. O fato é que não há outra forma de entender uma história em que aparecem mariachis, lutadores, detetives e exércitos de elite. É obviamente algo diferente e você pode ver isso quase desde o início. Uma vez que a HQ se apresenta como um amálgama de géneros e intenções, o melhor é deixar-se levar e desfrutar de uma proposta bem diferente, com um nível de risco bastante apreciável pela substância e não pela forma. É, sem dúvida, um daqueles quadrinhos e que não deixa ninguém indiferente.
El Sombra é um quadrinho mexicano criado por um argentino. Radicado no México desde o final da década de 1990, Edu Molina já era um conhecido das historietas desde o seu Animal Urbano, famosa série underground que chegou a rivalizar com Cazador naquela época.
Confirmado pela Tai Editora para sair no Brasil, El Sombra terá a sua pré-venda iniciada em fevereiro de 2023. Se você está afim de ler algo diferente do que tem lido ultimamente, fica a dica.

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