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Clássico em HQs: Os Misseráveis

.Os Miseráveis é um livro estritamente importante (e ainda mais influente) na cultura ocidental, e até hoje sentimos reverberações se sua história chamativa e única. Não é por acaso que, ano sim ano não, novas adaptações e releituras da obra original saem para a mídia (neste caso) literária. 


      Esta nova edição, apesar de deixar alguns nós soltos, faz grande honra à obra original, mantendo muito bem o núcleo da história e a persona dos personagens, assim como a ambientação na França de 1832 e o clima das Revoluções Republicanas. O desenho e o traço, por consequência da adaptação, auxilia o desenvolvimento rápido da história, deixando (por conseguinte) de mostrar parte da multilateralidade de alguns personagens, mas isso não força o paralelamente oposto: os personagens ainda tem nuances bastante (e bem) expostas.



      Não obstante, o livro requer mais do que conhecimento zero sobre a história da França: tanto os adaptadores como o próprio Victor Hugo fazem diversas  referências típicas à época, como a citação dos "boinas vermelhas" (termo usado na edição, embora prefira o mais correto "barretes frígios"),  dos militares dragões, dos Círculos do Inferno (Dante), etc. Nada disso, porém, prende Os Miseráveis ao seu tempo, mas o faz mais atual em essência, conseguindo fazer-se bons paralelos com o tempo em que a história foi escrita e a sociopolítica atual.


      Victor Hugo, sendo republicano convertido, também faz duras críticas àquele império ruído, como ao sistema policial corrupto (e inerentemente violento), uma burguesia intocável (ainda que agora, depois da Revolução, muito mais fraca), um rei invisível (novamente é necessário revisitar a história francesa para lembrar-se do despreparado e impotente Luis Filipe), entre diversas outras.


      Em suma: Les Misérables não é um livro tipicamente fácil de ler (ou adaptar), mas quem sabe essa abordagem mais gráfica aproxime o incauto do mundo literário do século XIX, com suas particularidades, ao meu ver, apaixonantes.

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